quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

SESSÃO DE CINEMA


por Edson Negromonte

A movimentação dos atores em “O Gabinete do Dr. Caligari” é mais que uma coreografia, é um balé. Um balé de sombras cubistas. É aí, justamente aí que reside o medo, na perspectiva deformada à qual o homem tem que se adaptar se quiser sobreviver. Este filme expressionista é o retrato fiel e cabal do que se respirava na Alemanha no início do século 20, sob o signo da filosofia trágica de Friedrich Nietzsche: o medo do futuro. Quarenta anos depois, foi essa a conclusão a que o professor Ariovaldo chegou, após assisti-lo na vesperal de um sábado modorrento, no Cine Ópera, no outono de 1964. A partir daí, então, o rapaz dedicou sua vida a desgraçadamente colecionar sombras.

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